quarta-feira, 22 de maio de 2013

dilúvio emocional




Sou uma total inconstância de sentimentos. Não sei bem o que se passou comigo, mas deixei de me conhecer… Aquela que antes sentia tudo com todos os poros de uma ponta à outra do corpo, agora perdeu o tato. Deixei de conseguir manobrar as palavras da mesma forma que antes. Mas, pior de tudo, o meu coração não é o mesmo – não consigo exteriorizar o que sinto.
Nos últimos tempos fui apedrejada com múltiplas emoções, todas de carizes diferentes, mas todas com uma força incontrolável. Todas elas me espetavam o órgão propulsor de um lado a outro sem pudor… Mas nenhuma teve poder suficiente para me subir pela garganta e sair-me pelos lábios. Quanto às mais negativas, pelos olhos. E é isso que me preocupa. Antes as lágrimas eram a minha arma para a tristeza; ao mesmo tempo que elas se despediam dos meus olhos, a dor ia embora. Agora isso não acontece: e eu sinto um acumular, um peso morto no lado esquerdo do peito, à espera de rebentar a qualquer momento.
Outra das minhas grandes preocupações é a saudade que sinto no peito. E agora, posso usar esta frase tão dita tantas e tantas vezes: de um não sei quê, vinda não sei de onde e que vai durar não sei bem até quando. É a verdade. Sinto um espaço em branco em mim, mas não sei que forma ele toma para o poder tapar. E quando nada é capaz de sossegar a saudade, não podemos nada mais fazer que nos sentarmos na cadeira de baloiço da varanda e esperar, esperar, esperar… Mas esperar pelo quê? Dúvida pertinente, mas para a qual até tenho resposta: por o que nunca há-de vir. É que já se passaram meses, e em todo este tempo nada senti – fui camuflada por uma bolha protetora que me impediu de sentir. Só que, pelos vistos, esta já está a perder as forças e deixou escapulir este sentimento que agora me assola de forma incontrolável. Eu recebo-o com todo o agrado, porque finalmente já me sinto novamente a mesma. Mas basta de sofrimentos. Se sinto saudade, ao menos que o meu cérebro e, acima de tudo, o meu coração, consigam perceber o porquê. Falta-me algo.